Fórum das Licenciaturas: diálogo necessário para pensar a formação de professores

Por Coryntho Baldez

Legenda da foto: Joaquim Silva, Carmen Gabriel e Marcelo de Pádula

Iniciativa valiosa para valorizar a formação docente e antídoto contra a fragmentação acadêmica, o Fórum de Coordenadores de Cursos de Licenciatura da UFRJ se reuniu, pela primeira vez, em 16 de junho, no Salão Nobre da Decania do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), na Cidade Universitária.

Contribuir para implementar e gerir a política de formação inicial de professores será a função primordial do fórum, instituído por meio de portaria conjunta da Pró-Reitoria de Graduação (PR-1) e do Complexo de Formação de Professores (nº 498, de 3 de abril de 2023).

Para exercer tal atribuição, o novo espaço fará reuniões mensais regulares e promoverá uma interação permanente entre coordenadores de licenciaturas, PR-1 e CFP.

A mesa do evento foi composta pelo pró-reitor de Graduação, Marcelo de Pádula; a coordenadora do comitê executivo do Complexo, Carmen Gabriel; e o superintendente geral da PR-1 e integrante do CFP, Joaquim Mendes da Silva. (*ocupantes dos cargos à época do evento)

Um espaço de concepção de políticas

Na abertura, a coordenadora do CFP revelou que o desejo de viabilizar o fórum era antigo e o classificou como um lugar de troca e discussão extremamente importante.

“Essa é a primeira reunião, mas haverá muitas outras para estabelecermos relações regulares com as nossas 32 licenciaturas”, disse.

Segundo Carmen, o fórum é uma ação conjunta da PR-1 e do CFP e foi criado para ser um espaço de concepção sobre o que é uma política de formação de professores e que tipo de curso de licenciatura queremos na Universidade.

“A autonomia universitária nos permite produzir tais políticas e é essa exatamente a ideia do Complexo”, sustentou.

A dirigente lembrou que muitos cursos estão em período de reforma curricular e dúvidas sobre como conduzi-la podem ocorrer: “Não teremos respostas fechadas e claras aqui, mas sim ideias para não ficarmos imobilizados. Existem princípios importantes para conseguirmos mudar e avançar”.

Para a pesquisadora, é preciso refletir de forma ampla sobre o que significa formar professores no Brasil de hoje, o papel das coordenações de licenciaturas e o perfil dos docentes que queremos em nossas unidades.

Carmen considera que, a partir do fórum, se poderá construir algumas bases comuns para se avançar em temas como as reformas curriculares, do ensino médio e da extensão.

Diálogo com a escola do tempo presente

Em seguida, o superintendente da PR-1 frisou que o fórum possibilitará uma discussão coletiva sobre a política de formação de professores da UFRJ, com a incorporação dos diferentes pontos de vista das licenciaturas.

Por isso, segundo Joaquim Silva, é importante que estejam nele representadas as coordenações de todos os cursos, da Faculdade de Educação e do Colégio de Aplicação (CAp).

“Precisamos discutir que professores queremos formar e como fazer com que isso se concretize. Claro que devemos manter sempre respeitar a legislação em vigor, já que somos autônomos, mas não soberanos”, disse.

No entanto, ele assinalou que se deve pensar a política de formação docente da UFRJ baseada no princípio de que estamos em uma universidade pública, gratuita, laica e socialmente referenciada.

“Como instituição pública, temos um compromisso com a educação básica das redes públicas municipal, estadual e federal. É bom lembrar que mais de 80% dos jovens brasileiros estão nas escolas públicas. Esse nosso compromisso é uma cláusula pétrea e inegociável”, ressaltou.

Ao comentar a grandeza e a relevância dos cursos de licenciatura na UFRJ, o dirigente lembrou que neles estão matriculados 25% dos quase 60 mil estudantes de graduação.

“São 32 licenciaturas, sendo 29 presenciais e três na modalidade semipresencial, oferecidas em parceria com o Consórcio Cederj. Das 29 presenciais, 27 ficam nos campi do Rio de Janeiro e duas em Macaé”, detalhou.

Ele acrescentou que esse contingente expressivo de estudantes exige um debate sobre os professores que a UFRJ quer formar: “Uma certeza já temos, queremos professores que dialoguem e compreendam as questões da escola pública no tempo presente”.

É com esse compromisso, completou, que “temos que assumir a participação neste Fórum e na construção dessa política”.

“Um espaço de amálgama entre o Complexo e a PR-1”

Após expressar satisfação pela criação do fórum, o então pró-reitor de Graduação registrou grande admiração pela magnitude da estrutura e das aspirações do Complexo de Formação de Professores.

“O Complexo é algo que talvez não consigamos ainda ter uma definição precisa sobre a sua concepção, mas já sabemos que a PR-1 e o CFP são instâncias absolutamente indissociáveis, embora naturalmente independentes”, observou Marcelo de Pádula.

Em algum momento, portanto, segundo ele, era crucial construir um espaço de amálgama onde se pudesse convergir esforços e esclarecer dúvidas: “Eu espero que esse espaço seja o Fórum das Licenciaturas”.

Comentou, ainda, que o tipo de formação oferecido pelo chamado Novo Ensino Médio (NEM) afeta diretamente a política de formação da UFRJ e o fórum será o espaço apropriado para aprofundar o debate sobre o tema.

Por fim, ele considerou necessária a cristalização do fórum no âmbito administrativo, ao mencionar a existência de apenas duas seções dentro da Divisão de Ensino da PR-1: Legislação e Normas e Programas e Cursos.

Pádula sugeriu a criação de uma seção de Formação de Professores e Licenciaturas, que incorpore as políticas definidas no âmbito do Fórum. “Acho isso crucial para avançarmos”, enfatizou.

Coordenadores aprovam iniciativa

Ao se apresentarem, os coordenadores de cursos presentes fizeram análises e avaliações sobre a institucionalização do Fórum das Licenciaturas.

Gabriela Honorato, coordenadora das licenciaturas da Faculdade de Educação (FE), considerou “fundamental” a iniciativa. Esse é um tema, segundo ela, que tem sido debatido no âmbito dos três departamentos da FE.

“Que professores queremos formar? As nossas disciplinas e ementas dão conta dessa formação?”, indagou. Esse novo espaço, disse, propiciará um diálogo sobre o tema com outras licenciaturas.

Já Elaine Ribeiro, coordenadora do curso de Biologia em Macaé há pouco mais de um mês, apontou a reforma curricular como um grande desafio para os cursos. Segundo ela, o fórum será certamente um lugar de troca de conhecimento e de aprendizado para todos.

Diretora adjunta de Licenciatura do Colégio de Aplicação (CAp/UFRJ), Raquel Silveira da Fonseca afirmou que o fórum será fundamental como espaço de reflexão com coordenadores das outras licenciaturas.

Ela acrescentou que o espaço permitirá conversar sobre necessidades específicas de cada curso e as experiências e demandas de estudantes que chegam para fazer estágio, no caso do CAp, provenientes de períodos e programas institucionais distintos.

Veja aqui os depoimentos dos outros coordenadores e a íntegra do evento.


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