Apoio pedagógico e filosofia para crianças: avançam ações formativas do CFP com escolas

Foto: Oficina sobre heroínas negras do Brasil na escola Francisco Alves, em Botafogo. Crédito: Edson Diniz.

Por Coryntho Baldez

O Complexo de Formação de Professores (CFP) da UFRJ iniciou uma série de ações formativas junto à rede de 48 escolas públicas parceiras.

Projetos vinculados ao ensino, à pesquisa e à extensão começam a ser implementados com a participação de professores e estudantes da rede básica, docentes universitários e licenciandos.

Edson Diniz, coordenador da Comissão de Articulação do CFP, conta que, a partir do Caderno de Ações Formativas produzido pelo Complexo, foram selecionados alguns projetos que se ajustam às demandas apontadas por escolas parceiras.

Foi deflagrada, em seguida, uma agenda de reuniões com docentes e técnicos-administrativos da UFRJ que lideram ações relacionadas à formação docente e de interesse de escolas públicas parceiras do CFP.

“Estamos construindo uma rede por dentro da UFRJ com esses coordenadores de ações formativas”, destaca.

Projetos do CFP ganham corpo na rede básica

Um dos projetos de extensão em andamento e em estágio avançado é o Ligando Aprendizados, criado a partir de uma demanda da Escola de Formação de Professores Paulo Freire (EPF), com o objetivo de oferecer apoio pedagógico aos estudantes do ensino fundamental afetados pela interrupção das aulas na pandemia.

As escolas da rede municipal já atendidas pelo projeto, neste primeiro momento, são as seguintes: Bolívar, Epitácio Pessoa, Rivadávia Corrêa e República do Peru.

Existem outras ações formativas em andamento nas escolas parceiras. Na escola Francisco Alves, em Botafogo, por exemplo, foi iniciada, em 15 de junho, uma atividade que aborda as relações étnico-raciais.

Trata-se da Oficina Heroínas Negras da História Não Contada do Brasil, projeto de extensão coordenado pela professora Mirella Farias Rocha, professora da Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ).

São oficinas feitas em sala de aula com alunos e professoras da escola, que escolhem as personagens negras da história com que desejam trabalhar.

Já a escola Alberto Barth, no Flamengo, abriga o projeto Pensadeiros da Escola: Como fazer Filosofia com Crianças?, coordenado pela professora Adriana Patrício, professora da Faculdade de Educação (FE) da UFRJ.

Iniciadas em 6 de junho, as oficinas são dirigidas ao segundo e terceiro ano do ensino fundamental e contam com participação de estudantes de Pedagogia e Filosofia – entre outros cursos – que integram atividades de extensão da UFRJ.

“Esse é um projeto interessante porque é um trabalho com crianças e estudantes de licenciatura que estão se formando. É a formação de professores acontecendo na prática”, realça Edson.

Projeto diversifica abordagem pedagógica em sala de aula

A coordenadora do projeto Ligando Aprendizados, Cláudia Iglesias, diz que ele foi pensado inicialmente como atividade virtual e, depois, remodelado para ser executado presencialmente.

“É um modelo considerado mais eficaz na avaliação dos professores das escolas”, assinala Cláudia, que coordena a Divisão de Apoio Pedagógico e Logístico do CFP.

Segundo ela, havia uma grande preocupação – compartilhada pelas escolas – de não “levar mais trabalho” para o professor regente, dando-lhe encargos além da sua já extensa agenda de trabalho.

Por isso, o acompanhamento dos resultados do projeto não será feito por meio de relatórios produzidos pelos professores, mas, principalmente, em conversas da coordenação com os extensionistas.

“A ideia é não burocratizar a atividade e evitar sobrecarregar ainda mais os professores nesta difícil etapa de retorno às aulas presenciais”, frisa Cláudia.

Ana Pollilo, diretora da escola Bolívar, conta que a parceria com o Complexo está abrindo um leque de possibilidades para diversificar o trabalho em sala de aula, especialmente no período pós-pandemia.

Além da necessidade de readequar os estudantes a novas rotinas do modelo presencial, ela aponta a defasagem pedagógica como uma das maiores dificuldades com as quais a escola vem se defrontando.

“Nos últimos dois anos, todos foram impactados, direção, professor, estudantes, responsável. E esse apoio pedagógico, por meio do projeto Ligando Aprendizados, é muito importante”, observa Ana.

Marcelo Dias, extensionista de Geografia da Bolívar, conta que decidiu participar do Ligando Aprendizados pela oportunidade de ter uma vivência em sala de aula na fase de reabertura das escolas.

Ele considera o projeto importante tanto da perspectiva do trabalho docente como do reforço da aprendizagem para o estudante.

“Estudante está se reapropriando do espaço escolar”

O professor de Matemática Ary Villas Boas, da escola Bolívar, lembra que, embora tenham sido adotadas várias estratégias para as aulas online, faz toda a diferença a convivência com os estudantes no espaço escolar.

Se, no início, os alunos estavam ainda desinteressados e buscando se reapropriar do espaço que é deles, agora, segundo ele, a escola caminha para o terceiro bimestre com alguns avanços no processo de ensino-aprendizagem.

Villas Boas, que está trabalhando com o extensionista Juan Medeiros, nutre grande expectativa em relação à parceria da Bolívar com o Complexo. Ele conta que tem sido de “uma riqueza espetacular” a interação com o licenciando da UFRJ em sala de aula.

“Estamos tendo a oportunidade trabalhar, além da matemática pura, diversos temas de interesse do aluno, como a filosofia. Isso faz parte da formação dele”, assinala.

Ações formativas com escolas, não para escolas

Sílvia Helena da Silva, da Comissão de Articulação, ressalta o papel de professores e coordenadores pedagógicos das escolas no desenvolvimento do projeto. “Foram eles que identificaram as disciplinas que exigiriam apoio e a quantidade de alunos a ser atendida”, observa.

Ela ressalta que, após a seleção dos extensionistas, foi feito um curso de formação com os licenciandos, que foram alocados em escolas mais próximas de suas residências.

“O curso tratou sobre o que é extensão, de estratégias pedagógicas, além de detalhar os objetivos do projeto”, explica.

Na escola Epitácio Pessoa, no Andaraí, houve, inicialmente, um encontro com a coordenação para oferecer o projeto Ligando Aprendizados, relata Fernanda Dysarz, que também integra a Comissão de Articulação.

Em seguida, os extensionistas se encontraram com os docentes para definir a dinâmica de atendimento aos alunos.

O próprio professor da escola, por exemplo, sugeriu que o extensionista observasse os alunos em sala de aula para identificar as dificuldades dos estudantes. “São estratégias de abordagem importantes para a formação do aluno”, afirma Fernanda.

Esses primeiros atendimentos nas escolas, segundo Cláudia Iglesias, mostrarão o melhor caminho para aprimorar o projeto e aperfeiçoar as estratégias pedagógicas desta ação formativa promovida pelo Complexo.


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