Roda de conversa passa a limpo a docência e indaga: qual escola faz sentido hoje?
Texto: Júlia Iorio Ilustração: Rodrigo Rocha
No dia 15 de outubro, quando é comemorado o dia do professor, o Complexo de Formação de Professores (CFP) da UFRJ promoveu uma roda de conversa pelo seu canal no Youtube, cujo tema foi: Qual escola faz sentido em (pós) tempos inéditos? Revendo a docência e a educação.
Participaram do programa os professores Marcela Martins, do Colégio Estadual Santos Dias, em São Gonçalo; Mauro França, do Colégio Pedro II; Carolina Penafiel, da Escola Municipal Oscar Tenório; Anna Thereza, do Colégio de Aplicação (CAp); e Carmen Orfanó, da Escola Municipal Rubem Braga. A live foi mediada por Edson Diniz, do CFP.
Durante o primeiro bloco do debate, os convidados abordaram os motivos que os levaram a se tornarem professores e falaram sobre como encaram a profissão.
“Acho que o caminho do ‘tornar-se docente’ é muito esse constante desejo pela pergunta”, disse, por exemplo, a professora Anna Thereza, ao comentar sobre sua relação com a docência.
“Hoje, eu me sinto orgulhosa de pertencer ao quadro dos professores do município do Rio de Janeiro e venho aprendendo cada vez mais”, complementou a professora Carmen, ao falar sobre sua carreira como docente e seu atual trabalho na rede municipal.
“É desesperador não saber como estão os alunos”
No segundo bloco, foram selecionadas perguntas dos espectadores que refletiam sobre a pertinência do ensino remoto e sua efetividade, pauta que tem estado presente no cotidiano dos professores no Brasil e no mundo. Foram feitos relatos que ilustram a atual dificuldade de lecionar à distância e como a experiência se tornou totalmente diferente com a pandemia.
“Isso hoje é meio desesperador, não saber como meus alunos estão, se eles estão bem, se eles precisam de algo, porque é o tipo de interação que a gente tem na sala de aula e agora, na rede estadual, está sendo praticamente impossível”, desabafou a professora Marcela.
Já a professora Carolina, ao dar um depoimento sobre a dificuldade de os alunos de instituições públicas terem acesso à informática dentro e fora das escolas, disse que a tecnologia tem que estar presente no ensino hoje e isso já está claro para os professores. “Mas com as condições que temos, é impossível”, alertou.
“Escola pós-pandemia só terá sentido com projeto de nação”
No último bloco da live, foi apresentado o questionamento final: que escola fará sentido depois da pandemia?
Foram abordados temas como a desigualdade social e a educação infantil, que têm sido discutidos com mais força atualmente, e a necessidade de mudanças que melhorem as condições educacionais tanto para os alunos como para os docentes, em especial da rede pública.
Também foram discutidas questões como a atual crise política brasileira, que interfere diretamente no ensino nacional, como registrou a professora Marcela, ao lembrar que não se sabe mais o que acontece dentro do Ministério da Educação (MEC).
O professor Mauro também trouxe à tona temas como o Programa Escola Ativa e o ensino híbrido, que já estão sendo aplicadas em algumas instituições como novas formas de inovar e tornar as escolas mais produtivas. Além disso, o docente atentou para a necessidade de se quebrar paradigmas dentro da” fôrma de educar e avaliar os alunos”.
“Essa escola pós-pandemia só vai fazer sentido, de fato, quando houver um projeto de educação e de nação no país que seja mais robusto e que possa ter a capacidade de passar pelas intempéries das tensões políticas em prol da igualdade da coletividade. Só assim eu acho que essa escola fará sentido e isso já independia da pandemia”, concluiu.
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