Avançar com integração acadêmica e reforma curricular são desafios do CFP em 2025

Por Coryntho Baldez

Foto de abertura: Mesa do I Seminário das Licenciaturas. Agora, CFP se prepara para organizar o II Seminário e debater a construção do conhecimento pedagógico do conteúdo

Em uma universidade do tamanho da UFRJ o grande desafio é integrar os sujeitos que atuam no campo da formação docente, segundo Joaquim da Silva, que está à frente da Coordenação Adjunta de Relações Internas do Complexo de Formação de Professores (CFP).

Para enfrentar o relativo isolamento entre unidades envolvidas com formação inicial, por exemplo, o CFP criou o Fórum de Coordenadores das Licenciaturas, que funciona há quase dois anos.

“O fórum tem reunido mensalmente os coordenadores pensando, principalmente, nas reformas curriculares, que são a nossa prioridade em função da Resolução 04/2004 do CNE”, sublinhou Joaquim, que também é assessor da Pró-reitoria de Graduação (PR-1) da UFRJ.

Em relação à formação continuada, foi constituído um Fórum de Coordenadores de Cursos de Pós-graduação Stricto Sensu na área de educação e de ensino. “Já tivemos uma reunião e, neste ano, pretendemos implementar o fórum através de portaria e fazer um evento de integração no segundo semestre”, revelou.

Nesta entrevista, ele também anunciou a realização do II Seminário das Licenciaturas, cujo objetivo central será debater a reforma curricular levando em conta, especialmente, o lugar do professor da educação básica na construção do conhecimento pedagógico do conteúdo.

– Qual o principal desafio da Coordenação Adjunta de Relações Internas, que tem a atribuição de gerir a política de formação inicial e continuada de professores na UFRJ?

Joaquim da Silva – O principal desafio é conseguir coordenar os diferentes atores que participam desse processo de formação inicial e continuada. No que diz respeito à formação inicial, as ações dessa coordenadoria se somam ao trabalho que eu já desenvolvo na Pró-reitoria de Graduação, onde atuo fazendo a interligação das licenciaturas com o Complexo de Formação de Professores. Nosso grande desafio junto a essas duas instâncias tem sido trabalhar na agregação dos coordenadores de cursos em prol da discussão sobre o que queremos no campo da formação inicial de professores nessa Universidade. Também buscamos articular esses atores para que a gente possa avançar nas discussões sobre a formação continuada. Como sempre, o grande desafio numa Universidade do tamanho da UFRJ é a articulação integradora desses sujeitos.

– E que inciativas concretas estão sendo desenvolvidas para articular os inúmeros sujeitos internos que atuam no campo da formação docente na Universidade?

Joaquim da Silva – A gente tem dois grandes movimentos. O primeiro é o Fórum de Coordenadores das Licenciaturas, que já está chegando a quase dois anos de funcionamento. Ele tem reunido mensalmente os coordenadores na discussão dos cursos, principalmente pensando nas reformas curriculares que são a nossa prioridade em função da Resolução 04/2004 do CNE. Estamos discutindo exatamente como fazer essa reforma, atendendo às políticas institucionais. Em relação à formação continuada, nós iniciamos o processo de constituição de um fórum de coordenadores de cursos de pós-graduação stricto sensu na área de educação e de ensino. Já tivemos uma reunião e, neste ano, pretendemos efetivamente implementar esse fórum, através de portaria, e fazer um evento de integração.

– Os cursos de licenciatura têm o grande desafio de pensar reformas curriculares tendo como referência as diretrizes dessa Resolução 4/2024, do Conselho Nacional de Educação (CNE). Após o Seminário das Licenciaturas, realizado pelo Complexo em setembro do ano passado, a Universidade está mais preparada para essa tarefa?

Joaquim da Silva – Com certeza, o Seminário de Licenciaturas foi um marco histórico. Nós conseguimos discutir com um grande número de pessoas, cerca de 60 participantes em cada um dos três dias do evento. E pudemos debater os grandes pontos dessa reforma e trazer reflexões sobre diferentes tipos de componentes curriculares, estágio, extensão, relações étnico-raciais, enfim, demos um passo importantíssimo na discussão sobre formação de professores. O que o Complexo e a Pró-reitoria de Graduação têm trazido para esse debate é que precisamos pensar nos currículos de licenciatura e na formação inicial para além das demandas legais da própria resolução. O que a maior universidade do sistema federal público do Brasil entende como formação de professores? Certamente, o seminário foi um grande avanço e abriu caminho para novos eventos do mesmo tipo.

– A concepção de docência presente na Resolução 4/2024 é adequada ou não aos desafios contemporâneos da formação de professores?

Joaquim da Silva – É adequada. Talvez não atenda a todas as concepções que temos, mas avança em muitos pontos, principalmente em comparação com a resolução anterior, publicada no final de 2019, e que tinha concepções completamente equivocadas sobre formação de professores. A Resolução 04/2024, embora tenha lacunas e nos desafie, tem um avanço importante que é a discussão da construção do conhecimento pedagógico do conteúdo. Esse vai ser um grande desafio, principalmente para aquelas disciplinas chamadas específicas, que muitos entendem que não têm relação direta com formação de professores no currículo. Mas a resolução nos obriga a pensar nelas também enquanto disciplinas de formação de professores e local de construção desse conhecimento pedagógico do conteúdo. Esse é um grande desafio que essa resolução nos trouxe.

– E as taxas de conclusão de licenciandos nas federais e na UFRJ, em particular, são satisfatórias? Estimular os estudantes a concluírem os cursos e a prosseguir na carreira docente é também um desafio do Complexo?

Joaquim da Silva – A evasão e a retenção são questões muito complexas. Nós sabemos que no Brasil, tradicionalmente, a profissão docente muitas vezes não é valorizada socialmente. Consequentemente, as condições de trabalho e os salários não são adequados e esses cursos não são tão procurados quanto deveriam ser. Além disso, muitos dos alunos que ingressam nas licenciaturas têm dificuldades econômicas e, sem o apoio financeiro por parte da Universidade, da PR-7 [Pró-reitoria de Políticas Estudantis], fica difícil eles se manterem, terem um bom rendimento e concluírem o curso.

– E qual o papel do Complexo diante desse quadro?

Joaquim da Silva – Eu acho que o Complexo tem, sim, um papel importante, trabalhando junto com a Pró-reitoria de Graduação na orientação acadêmica, um tema que precisamos estudar e avançar em sua implementação plena. Isto porque é através da orientação acadêmica que vamos conseguir superar alguns desses problemas e melhorar as taxas de evasão e retenção.

– Por fim, quais são as prioridades da Coordenação de Relação Internas neste ano?

Joaquim da Silva – Nós temos dois grandes objetivos, que são a construção de dois eventos exatamente para promover a integração tanto na formação inicial quanto na formação continuada. No primeiro semestre, faremos o segundo seminário das licenciaturas, dessa vez ampliando para fora da UFRJ. A ideia é reunir todos os parceiros do Complexo, como o Colégio Pedro II, IFRJ, Cefet/RJ, entre outros, e promover uma discussão sobre o conhecimento pedagógico do conteúdo e o lugar do professor da educação básica na construção desse conhecimento. Ou seja, como os professores da universidade e da educação básica podem atuar para a construção do conhecimento pedagógico do conteúdo das licenciaturas? O outro evento, no segundo semestre, será dirigido aos cursos de pós-graduação das áreas de ensino e educação, com o objetivo de reunir os professores e alunos desses cursos e promover essa integração também na formação continuada.


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