II Fórum fortalece ação conjunta do Complexo com parceiros

Texto: Coryntho Baldez

O II Encontro do Fórum Permanente de Formação de Professores, realizado de forma remota em 15 de abril, aprovou diretrizes que vão reforçar a natureza institucional do Complexo de Formação de Professores (CFP) e expandir as suas ações.

Entre elas, destacam-se o estímulo à celebração de convênios com instituições parceiras, tanto de nível superior como da rede pública básica, e a elaboração de um plano de trabalho para orientar as atividades do Fórum.

Instância máxima do CFP, o Fórum é constituído pelo reitor da UFRJ e dirigentes máximos dos colégios, institutos federais do Rio de Janeiro e das secretarias de educação das redes públicas parceiras do Complexo. (veja mais)

Reitora: “Precisamos formar cidadãos críticos”

Na abertura do encontro, a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, destacou que a área de formação de professores é uma das mais importantes para o Brasil.

Ela contou que, em recente reunião do G-20 sobre cultura e ensino inclusivo, ao ser indagada sobre qual seria a sua primeira ação na área da educação, disse: “repensar a formação de professores e levá-los para o ambiente da escola o mais cedo possível”.

A reitora afirmou, ainda, que o sinergismo defendido pelo Complexo entre diferentes instituições e atores envolvidos com a formação de professores é vital para o avanço do país.

“Precisamos hoje formar cidadãos críticos e competentes, especialmente numa época em que recebemos informações de todos lados”, observou.

Ideia inicial foi valorizar as licenciaturas

Joaquim Silva, assessor da Pró-reitoria de Graduação (PR-1) para o CFP, fez durante o encontro uma exposição intitulada Políticas de Formação Docente e o Complexo de Formação de Professores. (veja aqui a apresentação).

Ao traçar um histórico sobre a construção do CFP, ele lembrou que o projeto foi concebido para dar maior protagonismo aos cursos de licenciatura.

“Em muitas instituições, há uma tendência de se valorizar mais os bacharelados. Como uma tentativa de fazer um rompimento com essa visão, surge a ideia de criar o Complexo para valorizar a formação docente”, afirmou.

Esse movimento, segundo ele, avançou bastante com a visita à UFRJ do professor Antônio Nóvoa, da Universidade de Lisboa, que desenvolveu várias discussões sobre a ideia da criação de uma “casa comum, que abrigasse todos aqueles sujeitos envolvidos na formação de professores”.

A proposta, observou, não era criar um centro universitário específico, mas um espaço comum, que acabou assumindo a configuração do Complexo de Formação de Professores.

Revigorar o Fórum para avançar em políticas de formação

A partir daí, segundo o assessor da PR-1, houve um movimento que levou à construção de parcerias internas entre as diversas unidades que atuam na formação de professores e, também, a parcerias externas com as redes pública municipal e estadual e com instituições de ensino superior.

“Já temos documentação interna que faz com que o CFP não seja só uma ideia, uma política, mas sim uma instância da estrutura média da Universidade”, destacou Joaquim Silva, que integra o Comitê Permanente do Complexo.

Depois de apontar como o principal pressuposto do CFP a formação docente orientada pelos saberes e práticas da profissão, o professor falou sobre as atividades do Fórum e a necessidade de estreitar os laços entre os diversos sujeitos que compõem o Complexo.

Ele defendeu o papel do Fórum como formulador de políticas amplas para a formação docente e a criação de uma instância executiva para implementá-las e fazer a interlocução entre as diferentes instituições.

“Precisamos atuar para estabelecer convênios interinstitucionais e definir uma equipe executiva coesa para avançarmos na construção do CFP com esse caráter interinstitucional”, completou.

“Momento exige defesa das instituições públicas”

Em seguida, a coordenadora do Comitê Permanente do CFP, Carmen Gabriel, disse que o II Fórum reforça a principal marca do Complexo, ou seja, o caráter primordialmente interinstitucional da iniciativa.

Valorizar esse aspecto, segundo ela, “é necessário para definirmos ações de formação de modo cada vez mais articulado”, frisou.

Carmen alertou para o momento político singular que vive o país e apontou a formação de professores e a defesa de instituições públicas, sejam universidades ou escolas, como bandeiras mais do que nunca essenciais face ao recrudescimento de teses privatistas.

“Vivemos uma verdadeira ameaça em relação à manutenção de instituições públicas, mas não por causa do trabalho remoto, embora ele abra uma possibilidade de repensarmos outras formas de relacionamento e a ideia de ‘espaço público’ fique mais fragilizada”, frisou.

“Conhecimento é um bem que precisa ser socializado”

Para a professora, o Complexo surge exatamente na contramão de concepções privatistas que contaminam o debate atual no campo da educação.

Segundo ela, se hoje temos que operar e trabalhar na dimensão virtual, devemos ter, ao mesmo tempo, forte preocupação em assegurar a permanência e a participação das instituições públicas no processo de formação profissional do docente da educação básica.

“Sabemos o quão é importante a socialização de um bem público como o conhecimento, infelizmente ainda desigualmente distribuído em nosso país”, frisou.

Por fim, elencou como objetivos essenciais do encontro a capilarização do Complexo dentro das instituições que o constituem e a criação de uma agenda de trabalho, a ser apresentada no próximo encontro.

Pedro II discutirá cronograma de trabalho

O coordenador de graduação do Colégio Pedro II, Felipe Bon, ressaltou que a agremiação participou desde o início dos debates sobre a constituição do CFP e concordou que é hora de avançar, de fato, em seu processo de institucionalização.

Ele informou que realizará reuniões internas para encaminhar as deliberações do encontro e definir um cronograma de trabalho visando integrar o Colégio às atividades do Complexo.

Também participaram da reunião os seguintes coordenadores de licenciaturas do Pedro II: Márcio Coelho dos Reis (História); Tiago Galinari (Geografia); e Kelly Pedroza Santos (Ciências Sociais).

IFRJ aprofundará parceria

Representante do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) no encontro, a professora Giselle Rôças também acompanhou os primeiros passos e a posterior implantação do CFP.

Ela considerou importante definir algumas linhas de ação no âmbito do Fórum para, a partir daí, envolver as dez especializações do IFRJ vinculadas à formação no debate sobre o Complexo.

Em razão do alto nível de exaustão de professores e diretores das escolas da educação básica provocado pela pandemia, Giselle defendeu um projeto com um número menor de escolas em um primeiro momento.

“É importante fazer alguns ensaios com os demais colegas para resgatarmos essas discussões e depois levá-la para um conjunto maior”, disse.

“Estágio supervisionado deve ser discutido”

Glauco dos Santos Ferreira, do Cefet/RJ (Petrópolis), ressaltou que a criação de Grupos de Trabalho (GTs) para discutir temas específicos daria mais fluidez aos trabalhos do Fórum.

“Um exemplo é o estágio supervisionado, que deveria ter um reconhecimento institucional maior, com formação específica e plano de carreira. É uma questão que pode ser enfrentada em um GT”, frisou.

Ele lembrou, ainda, que o Cefet/RJ, embora seja mais conhecido pelos cursos técnicos de nível médio, possui três licenciaturas – duas em Petrópolis (Física e Matemática) e uma em Nova Friburgo (Física).

“Formação de não licenciados em cursos tecnológicos é desafio”

Já Carlos Artur, pró-Reitor de Ensino do Instituto Federal Fluminense (IFF), avaliou que o Complexo tem contribuído para pautar o importante debate sobre formação continuada na rede federal de ensino superior.

Ele ressaltou que integra um grupo do fórum de pró-reitores das instituições públicas federais para discutir a formação de não-licenciados da rede de educação tecnológica no estado do Rio de Janeiro.

“Isso mostra que avançamos tecnicamente, nos aspectos relacionados à formação, mas precisamos formalizar os convênios e institucionalizar o Complexo junto às instituições parceiras”, enfatizou.

“Trabalho conjunto com Seeduc/RJ é bastante viável”

Luana Atanazio, representante da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro (Seeduc/RJ), assinalou que já participou de algumas conversas sobre o CFP e pretende debatê-lo com mais profundidade junto à rede estadual.

“Particularmente, vejo como muito bem-vinda a proposta do Complexo e acredito que venha a somar com o que temos feito em termos de formação de professores na Secretaria”, sublinhou.

Após ressaltar que existe uma área específica na Seeduc/RJ para lidar com o tema, Luana considerou bastante viável a possibilidade de ação conjunta com o CFP: “São muitas escolas com uma gama imensa de demandas de formação”.

O próximo encontro, marcado para 13 de maio, terá um caráter mais executivo. Em pauta, o plano de trabalho do Fórum, a necessidade de ampliar a institucionalização do CFP e possíveis demandas das chamadas instituições parceiras, tanto de nível superior como da rede básica de ensino.

Um comentário em “II Fórum fortalece ação conjunta do Complexo com parceiros

  • 4 de Maio de 2021 em 17:13
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    Muito importante termos esse fórum articulando a formação de professores!

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