Casa Comum: a escola como matriz vital da formação docente

Por Coryntho Baldez

Foto: Daniel Gallo

Em plena expansão, o projeto Casa Comum deu novo impulso à parceria institucional do Complexo de Formação de Professores (CFP) com a rede pública básica de ensino.

Firmado no ano passado com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SME), o convênio prevê um leque variado de ações formativas em 12 escolas da rede básica. Elas atuarão como parceiras do Complexo na implementação do projeto.

Para viabilizá-lo, o CFP lançou um edital público com eixos temáticos que se conectam com as demandas das próprias escolas. O objetivo foi mapear ações vinculadas à formação docente na UFRJ.

Abrangente e democrática, a iniciativa permitiu a possibilidade de engajamento e coparticipação no projeto Casa Comum de várias unidades da UFRJ vinculadas às licenciaturas.

Disponibilizado pelo Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (SIGA), o edital – já fechado – recebeu a adesão de 33 ações formativas de diferentes modalidades.

O desafio, agora, é adequá-las às demandas de cada uma das escolas que fazem parte do convênio e estão distribuídas em várias regiões do município.

Articulação no dia a dia da escola

A coordenadora do Complexo de Formação de Professores (CFP), Carmen Gabriel, afirma que o objetivo central do convênio é construir um novo ambiente de formação docente e de ensino-aprendizagem.

“Para isso, queremos concretizar os princípios do Complexo, isto é, a horizontalidade de saberes, a pluralidade de ações, de sujeitos e de espaços, e também a integração de ações de formação”, sustenta.

A aproximação entre escola básica e universidade, no âmbito do Casa Comum, ocorrerá no próprio espaço escolar, que, segundo ela, se configura como um lócus permanente de articulação.

As ações ocorrerão nas áreas de extensão, pesquisa, estágio supervisionado curricular, formação continuada dos professores da rede, entre outras.

“Regência extrapola a sala de aula”

Esse conjunto de propostas formativas – prossegue Carmen – enxerga a escola como uma parceira que atua de “igual para igual” com a universidade. “Esse é o grande diferencial do Casa Comum”, frisa.

Contudo, a dirigente adverte que alcançar esse objetivo talvez seja a maior dificuldade do projeto, pois pressupõe que os professores tenham tempo disponível para se envolver com atividades de formação dentro da sua carga horária.

Mesmo considerando as dificuldades inerentes à prática docente, Carmen defende a ideia de que as escolas parceiras entendam que a regência extrapola a sala de aula.

“A escola é também um espaço de formação para o professor, um profissional produtor de conhecimentos, formador de futuros docentes e de novos cidadãos”, realça.

Ações em escola saem do papel

Segundo Edson Diniz, que está à frente da Coordenação Adjunta de Relações Interinstitucionais do CFP, já foram visitadas, neste ano, as 12 unidades do ensino básico parceiras do projeto, incluindo o Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos (CREJA).

Também fazem parte da equipe da Coordenação que visitou as escolas Fernanda Pereira Dysarz e Silvia Helena da Silva. Houve um diálogo inicial com a direção de cada unidade para conversar sobre o convênio, com a presença de representantes da SME e das respectivas Coordenadorias Regionais de Educação (CREs).

Na segunda rodada de conversa, que já ocorreu, o projeto foi discutido com os professores e foram levantadas algumas demandas das escolas. “As pessoas ficaram empolgadas, gostaram do projeto”, sublinha Diniz.

Entre os temas que apareceram nas reuniões e que poderão ser transformados em ação estão: letramento matemático, currículo, alfabetização, questões étnico-raciais, educação inclusiva, entre outros.

“Fizemos uma tabela de demanda por escola e conversamos também com a SME, que tinha feito um levantamento com as próprias escolas. Em seguida, algumas ações começaram a sair do papel”, relata.

Uma delas foi um debate sobre currículo com professores e gestores da escola Rivadávia Manoel Pinto, na Pedra de Guaratiba, com a presença da coordenadora do CFP, Carmen Gabriel.

Outra ação aconteceu na escola Tenente General Napion, em Ramos. As professoras Renata Razulck, da Faculdade de Educação (FE), e Thayná Marracho, do Colégio de Aplicação (CAp), promoveram uma roda de conversa sobre educação especial, com significativa presença dos professores.

Ficou acertado com as escolas e a Secretaria de não se tirar o professor de sala de aula. “As ações estão sendo feitas depois das aulas, em reuniões de planejamento ou em conselhos de classe, portanto, em horários extraclasse”, ressalta Diniz.

Reunião com secretário e reitor

No primeiro semestre deste ano, também houve um importante encontro para alicerçar e potencializar o projeto Casa Comum, tanto na rede básica como na UFRJ.

Ocorrido em 17 de maio, na sede da SME, o encontro contou com a participação do secretário Municipal de Educação, Renan Ferreirinha, e do reitor da UFRJ, Roberto Medronho.

Na ocasião, a equipe do Complexo apresentou as atividades desenvolvidas no âmbito do convênio, cuja inciativa foi elogiada tanto pelo secretário como pelo reitor.

Neste segundo semestre, os contatos com as escolas vão se intensificar, especialmente a partir de agosto.

A ideia, conclui Diniz, é elaborar planos de trabalho para implementar as ações previstas no edital, em sintonia com as necessidades das escolas, inserindo-os no planejamento de cada uma delas.


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