Fórum das licenciaturas: encontro faz balanço e planeja reforçar elo com escola em 2026

Por Coryntho Baldez

Foto de abertura: Daniel Gallo

Coordenado pelo Complexo de Formação de Professores (CFP) e pela Pró-Reitoria de Graduação (PR-1), o Fórum das Licenciaturas da UFRJ fez a última reunião do ano, em 28 de novembro, no auditório Pangea (Igeo), no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), na Cidade Universitária.

Criado para implementar e gerir a política de formação inicial de professores da UFRJ, além de servir como antídoto à fragmentação acadêmica, o Fórum vem debatendo a reforma dos currículos das licenciaturas – uma exigência da Resolução 04/2004, do CNE/MEC –, além de temas como o perfil de professor que a Universidade deve formar e a integração com as escolas públicas da educação básica.

No último encontro, que contou com presença expressiva de cerca de 20 coordenadores (as) de cursos, a coordenadora geral do Complexo, Carmen Gabriel, fez uma exposição sobre o projeto Casa Comum e apresentou uma proposta de ampliação da cooperação entre o CFP e as licenciaturas para atuar de modo mais articulado e integrado junto às escolas da rede básica.

“Licenciaturas estão mais valorizadas”

Joaquim Silva, que coordenou o encontro e integra a coordenação do CFP, disse que é importante notar como o Fórum – criado por meio de portaria conjunta da PR-1 e do CFP, em abril de 2003 – cresceu neste ano: “A diferença é muito grande do início do seu funcionamento para o lugar em que estamos agora”.

Segundo ele, o coletivo do Fórum promove hoje discussões mais amadurecidas e complexas: “Tem-se uma tradição na UFRJ de ver as licenciaturas como secundárias em relação aos bacharelados e acho que a nossa ação tem começado a mudar essa visão”.

Os colegas que exercem um papel institucional na Universidade também estão começando a aderir a esse movimento de valorização da formação docente nas unidades da UFRJ, de acordo com Joaquim, que também é assessor da PR-1.

O coordenador de Integração Acadêmica dos Cursos e Programas da PR-1, Marcelo Côrtes, agradeceu a parceria com o Complexo durante o ano e elogiou o espaço de debate sobre a política de formação de professores da UFRJ representado pelo Fórum, que considera ter caráter estratégico na discussão do papel da formação docente na sociedade contemporânea.

Ele também ressaltou que o lançamento da Revista Futuros: O Acesso é Aqui e Agora , editada no âmbito da PR-1, só foi possível com a colaboração das coordenações das licenciaturas.

Côrtes pediu ampla divulgação junto à rede básica da nova revista, cujo primeiro número traz a diversidade e a pujança dos cursos de graduação da UFRJ.

“Como as licenciaturas podem formar uma rede de escolas parceiras?”

Carmen Gabriel destacou a importância do Fórum das Licenciaturas – “sem vocês não existiria o Complexo” – e explicou, de início, que a ideia de escola parceira partiu da premissa de que é essencial formar professores “por dentro da profissão e tornar a escola um elemento importante nesse processo”.

A escola, disse, pode exercer um papel relevante, e não somente quando o aluno vai para o estágio. “Precisamos começar a pensar em nossos cursos de licenciatura a presença da escola da educação básica no processo formativo desde o seu início, através de projetos de extensão, de pesquisa e de ensino”.

Ela sublinhou que o papel do Complexo é articular com as unidades que formam as redes da educação básica: “Não substituímos a unidade, mas temos a responsabilidade de criar condições para que o diálogo aconteça, inclusive com as escolas”.

Segundo Carmen, o Complexo nasceu com a ideia de criar “uma cara mais institucional” para essa parceria da Universidade com as escolas.

O ideal é que cada licenciatura – propôs ela – pudesse constituir o seu grupo de escolas parceiras e mantivesse uma relação de continuidade com as unidades para que a procura da escola, a cada início de estágio, projeto de extensão ou de pesquisa, não dependesse de vínculos individuais e nem recaísse exclusivamente sobre o professor ou o aluno.

“É importante que vocês conversem com os coordenadores, conversem com os professores e com as direções para começar a pensar em criar uma rede de escolas parceiras, até porque vai facilitar esse processo de formação de professores envolvendo a escola”, sugeriu.

A coordenadora do CFP afirmou que o projeto Casa Comum, que reúne 12 escolas do município do Rio, partiu da ideia de “explorar a construção do ‘coletivo’ em alguns espaços. Como se pode organizar e adequar o conjunto de demandas dessas escolas com as demandas dos cursos de licenciaturas? “Esse é o nosso trabalho de costura”, enfatizou.

Para Carmen, esse é o momento de repensar a articulação que cada licenciatura tem com as escolas. “É possível cada curso fazer um balanço e mapeamento das escolas nas quais já existem atividades, seja de ensino, pesquisa ou extensão, para formar uma rede de escolas parceiras?”, indagou. E completou: “O Complexo está à disposição para pensar conjuntamente esse desafio e fazer a articulação com as escolas”.

Carmen Gabriel defendeu atuação do CFP e das licenciaturas de modo mais articulado com escolas da educação básica.

“Fórum permite discutir coletivamente a formação para a docência”

Odila Rosa, coordenadora da licenciatura de Artes Visuais, vinculada à Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ), enalteceu a atuação do Fórum e disse que só foi possível traçar as linhas gerais da reforma curricular no seu curso em virtude das reuniões periódicas que foram realizadas em 2025.

Ela elogiou a proposta da coordenadora geral do CFP para que as licenciaturas façam o mapeamento das escolas com as quais mantêm vínculos a fim de facilitar ainda mais uma atuação integrada com o Complexo e expandir as atividades de formação de professores em parceria com a rede básica.

“Essa reunião foi muito produtiva no sentido de valorizarmos a instituição e de utilizarmos mais o CFP tanto para a pesquisa quanto para a extensão, com o objetivo de formar uma rede de escolas parceiras”, frisou.

Vanessa Tozetto, coordenadora da licenciatura em Dança, da Escola de Educação Física e Desporto (EEFD/UFRJ), reforçou a ideia de que o Fórum tem sido muito importante no sentido de os seus membros se integrarem e se reconhecerem no Complexo de Formação de Professores.

“O Fórum tem permitido que a gente se entenda, se encontre e discuta coletivamente as questões sobre formação para a docência a fim de encontrar soluções para as nossas necessidades”, disse Vanessa, que tem participado dos encontros desde 2024.

Em relação à proposta de uma integração mais sistemática entre o CFP e as licenciaturas para a construção de uma política ampla de aproximação e diálogo com a rede básica, a coordenadora enfatizou que o curso de Dança tem buscado cada vez mais a possibilidade de encontrar parceiros nas escolas para a formação de professores.

“Já temos feito atividades nas escolas a partir dos encontros que tivemos nas reuniões do Fórum, que tem sido um espaço importante de crescimento e ampliação das nossas atividades extramuros, trazendo também a sociedade para dentro das salas de aula”, acrescentou Vanessa.


Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado.